Compostagem é jeito inteligente de lidar com o próprio lixo; saiba como fazer
Por Danae Stephan
Reciclar o lixo não basta. É preciso tomar consciência do que se consome e, também, do que se deixa para trás nesse caminho. Tratar o lixo orgânico, que responde por mais da metade dos resíduos gerados no Brasil, é uma saída para minimizar o impacto sobre a cidade.
Não se trata apenas de iniciativas de grandes empresas. Em casa, dá para fazer uma baita diferença.
“O paulistano gera cerca de 1,6 quilo de resíduos por dia, contra 1,1 quilo da média brasileira: 51% é lixo orgânico, que poderia ser compostado em casa, 14% são rejeitos e 35% são passíveis de reciclagem”, diz Claudio Spinola, proprietário da Morada da Floresta, empresa que produz composteiras domésticas.
Os modelos mais indicados para ter em casa (apartamento incluso) usam minhocas na decomposição do material orgânico —é a chamada vermicompostagem. “Com as minhocas, os resíduos levam cerca de 60 dias para virar adubo. Sem elas, levaria o triplo”, afirma Spinola.
Existem alguns modelos no mercado, mas dá para montar a sua em casa mesmo.
São necessárias duas caixas (o tamanho vai depender de quantas pessoas moram na residência e de quanto consomem) para colocar as minhocas e os resíduos e uma para coletar o chorume, subproduto do processo.
Spinola aconselha deixar um recipiente na cozinha para fazer a separação dos resíduos. “Com tampa, para não atrair mosquitos”, diz. Principalmente as drosófilas, ou moscas da banana.
Proteção
Toda vez que colocar material na composteira, é preciso cobri-lo com alguma matéria seca. Valem folhas secas, palha, serragem e até papelão bem picado. Isso é importante para controlar a umidade e arejar o sistema
Reservatório
A última caixa se enche com o chorume, subproduto do processo de compostagem. Esse líquido pode ser borrifado nas plantas para combater pragas ou adicionado às regas
Localização
As minhocas são muito sensíveis às altas temperaturas, por isso a composteira deve ficar em lugar sombreado, sem receber sol diretamente. Já o frio é bem tolerado
Rodízio
Os resíduos devem ser colocados nos digestores, onde ficam as minhocas. Depois de encher a caixa superior, é só trocar pela inferior e esperar as minhocas fazerem o trabalho. Conforme decompõem o material da caixa de baixo, elas vão subindo para o digestor que está recebendo novos resíduos
Mão de obra
As minhocas mais usadas nesse tipo de processo são as californianas, que se reproduzem rapidamente, são resistentes, comilonas e vivem até 7 anos
Perguntas e respostas sobre minhocários
Dá pra fazer em casa?
Sim, podem ser usados baldes grandes, e as minhocas podem ser compradas em lojas especializadas. Para uma família de quatro pessoas, um modelo de 45 litros por caixa é suficiente
Tem mau cheiro?
Bem manuseado, não tem cheiro nenhum. “Quando o adubo está pronto, tem cheiro de terra. Se tiver mau cheiro, é porque algo está errado”, diz Claudio Spinola, da Morada da Floresta
Posso colocar qualquer resíduo orgânico?
Não. Os itens liberados são verduras, legumes, frutas não cítricas, grãos, sementes, borra de café, saquinhos de chá e casca de ovo
Atrai insetos?
Se a matéria seca for negligenciada, pode sim atraí-los. Em caso de contaminação, deve-se retirar os invasores. Se as caixas estiverem infestadas, é preciso retirar as minhocas e começar de novo
O que fazer com outros resíduos
-Tão importante quanto reciclar é evitar a compra de itens poluentes. Hastes flexíveis e canudos de plástico estão entre os vilões da vez. Prefira opções de papelão
-Ainda na linha “melhor evitar do que reciclar”: reduza as embalagens. Escolha produtos a granel e evite bandejas de isopor. Embalagens retornáveis são a melhor opção
-Mesmo que não tenha composteira em casa, dá para reaproveitar borra de café, cascas de ovo e restos de frutas e legumes em vasos e jardins
-Além de separar o lixo, certifique-se de que o resíduo está indo para o lugar certo. Há casos de condomínios que misturam os recicláveis com o lixo orgânico
-Aproveite melhor os alimentos frescos, incluindo sementes, cascas, talos e folhas nas receitas
-Prefira equipamentos que sejam carregados na tomada a modelos com pilha. A economia na hora da compra não compensa, além de gerar resíduos de difícil descarte
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