Como incorporar fotos, lembranças de viagens e até desenhos das crianças na decoração

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Por Flávia G. Pinho

Imagine uma parede quase nua, onde um único quadro exibe uma paisagem qualquer, que ninguém consegue identificar à primeira vista. Se você logo pensou em um quarto de hotel, não foi por acaso. Elementos decorativos impessoais, que não têm qualquer relação com os moradores, geram ambientes igualmente frios e nada acolhedores.

“A casa é nosso espaço, o lugar onde precisamos nos sentir bem. E onde a gente pode exibir tudo aquilo que acha bonito e tem significado”, defende a arquiteta Karina Korn, de São Paulo.

Para ela, qualquer elemento afetivo pode virar decoração –começando pelas fotografias, que todo mundo tem em casa. O segredo é agrupá-las, de modo a valorizar a composição.

“Sugiro colocar várias em uma mesma parede, misturando molduras diferentes, imagens grandes e pequenas, coloridas e em preto e branco. Vale até juntar convites de casamento e de festa de 15 anos emoldurados. O resultado é um arranjo cheio de afeto.”

A maneira tradicional de exibir fotos, em porta-retratos, continua em alta: é atemporal, segundo Karina, e não segue modismos.

“Inclusive, sou contra trocar os porta-retratos para que combinem com a decoração. Se você tem peças de família e outras novas, vale misturar tudo. Elas fazem parte da lembrança.”

Também sobrevivem ao tempo os arranjos de pratos na parede. Para um visual mais contemporâneo, a ordem é mesclar louças antigas e outras atuais.

Os desenhos das crianças também podem ser protagonistas na casa. Emoldurados e agrupados, eles ajudam a recordar histórias da família. “Gosto da ideia de fazer montagens com os desenhos infantis, cobrindo paredes inteiras, ou de pedir para que elas desenhem direto sobre a pintura.”

As coleções também ganham um lugar na decoração da casa. Em sua residência, Karina exibe com orgulho uma vasta quantidade de ímãs de geladeira, que acumula há muitos anos.

Já o filho dela, David, 9, já começou a colecionar globos de neve adquiridos em viagens mundo afora. Por enquanto, estão expostos em uma pequena prateleira no quarto, mas a tendência é que a coleção cresça com o passar do tempo.

No futuro, Karina espera que os globos de neve tenham o mesmo significado das lembranças de viagens que sua mãe, Sara, expõe sobre a lareira da sala.

“A história dela está contada ali. Sempre que chega algum neto, ela para e conta sobre uma viagem. É muito importante passar essas experiências de geração em geração.”

O mesmo vale para peças antigas de mobiliário ou velhos eletrodomésticos.

“Elas não precisam combinar com o restante da decoração”, ensina a arquiteta. “Você pode colocar em destaque na sala, como uma obra de arte.”