Como higienizar mercadorias entregues em casa para evitar contaminação pelo coronavírus
Por Marília Miragaia
O isolamento causado pela pandemia de Covid-19 fez disparar os pedidos de delivery, mas também aumentou a preocupação com a segurança. Afinal, as embalagens de comida pronta, alimentos e outras mercadorias entregues em casa podem transmitir do vírus?
“Sabemos que o coronavírus permanece vivo durante períodos diferentes em materiais como plástico, fórmica, papel e papelão”, diz Jorge Luis Ferreira, infectologista do Hospital Santa Clara e diretor técnico do Hospital Santo Expedito.
Segundo estudos, o tempo de permanência do coronavírus em superfícies pode chegar a nove dias.
Por isso, explica Ferreira, ao receber o delivery é recomendável descartar embalagens externas e higienizar a mercadoria dentro dela para se resguardar da contaminação. Lembre também de limpar a área da casa que teve contato com o produto entregue e lavar as mãos (incluindo pontas e meio dos dedos, unhas, torso e região do pulso) após o manuseio.
Ele sugere lavar a superfície do produto com água e sabão, higienizar com álcool 70 ou aplicar com borrifador uma solução de água sanitária e água (na proporção de uma parte de água sanitária para nove partes de água).
Isso vale para qualquer tipo de compra, como cosméticos e produtos alimentícios secos —latas de molho de tomate, pacotes de macarrão, garrafas. “Mas no caso de um livro, em que seria necessário higienizar cada página, é só colocar no sol por algumas horas ou usar um secador de cabelo para reduzir a possibilidade de contágio”, explica o médico.
Não existem evidências até o momento de que alimentos frescos e comida pronta possam ser fonte de contaminação. “Mas a superfície desses ingredientes pode conduzir o vírus do mesmo modo que uma maçaneta ou corrimão fariam”, explica Andrea Guerra, professora de nutrição do Mackenzie.
Por isso, também é necessário higienizar frutas, verduras e legumes antes de armazená-los. Primeiro, lave os produtos em água corrente para retirar a sujeira aparente. Depois, deixe-os imersos em uma solução de água com água sanitária (uma colher de sopa para cada litro de água) por dez minutos. Seque para aumentar o tempo de conservação.
No caso da comida pronta, existem questões que envolvem um risco maior ou menor, dependendo do alimento. “O que compreendemos até agora é que o alimento submetido a altas temperaturas tem risco menor”, diz Guerra. Entram nesta lista, por exemplo, bife à parmigiana e feijoada.
Já alimentos que exigem muita manipulação, como sanduíches, estão mais sujeitos à contaminação. “Pode ter uma pessoa falando em cima desse produto, que não vai passar por uma etapa final de exposição à temperatura”, explica Guerra.