É preciso controlar o uso de internet para evitar sobrecarga na quarentena?
Por Ana Luiza Tieghi
Por causa das medidas de isolamento social, mais pessoas estão conectadas à internet e utilizam serviços que demandam alto tráfego de dados, como aplicativos para chamadas de vídeo e streaming de filmes e séries.
De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), as empresas do setor registraram picos históricos de demanda de tráfego na segunda quinzena de março, quando o isolamento começou.
Mas a agência afirma que a internet não corre o risco de parar de funcionar por causa do aumento nos acessos. “As grandes prestadoras de telecomunicações providenciaram expansões de capacidade em suas redes para absorver a alta de demanda de tráfego, e os pequenos provedores se empenharam em otimizar suas redes para esta situação”, afirmou, em nota.
Isso não impede, porém, que os usuários experimentem uma queda temporária na velocidade da conexão em suas casas.
Uma forma imediata para ajudar a sanar o problema é reduzir a quantidade de aparelhos conectados na mesma rede. Mas a melhor medida é ligar para a empresa provedora da internet e reclamar.
Como explica Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e colunista da Folha, o fornecimento de internet não segue a mesma lógica que o de energia e água. Não é um recurso finito que precisa ser economizado.
“A infraestrutura da internet foi feita para crescer, ela tem uma capacidade de redesenho muito grande”, diz.
Segundo Lemos, a distribuição das conexões de internet com boa qualidade está centralizada nas regiões mais comerciais e que apresentavam demanda maior pelo tráfego de dados.
Agora, com a Covid-19 e o isolamento social, essa demanda foi desviada para outras regiões, o que exige uma distribuição mais capilarizada da rede. E isso depende de ações das empresas que vendem a conexão.
“No curto prazo, a internet pode ter sua qualidade piorada, mas no longo prazo isso pode se converter em um legado positivo, porque teremos uma internet mais robusta e descentralizada”, afirma.
No final de março, provedores de conteúdo digital como Facebook, Google e Netflix diminuíram a resolução dos seus vídeos, para reduzir a demanda por internet em vários países, incluindo o Brasil.
Para Lemos, essa medida é positiva por ajudar a rede no curto prazo, enquanto ela é reconfigurada para aguentar a nova demanda. Mas a saída duradoura é melhorar a qualidade da internet e aumentar a sua distribuição.
De acordo com a Anatel, não há recomendações oficiais para que os consumidores fiquem online por menos tempo.
Quem tiver problemas para se conectar deve procurar os canais de atendimento dos provedores e, caso não haja uma solução, enviar uma reclamação para a agência, pelo site anatel.gov.br/consumidor.
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